Autismo: O Realismo Crítico
Autismo: O Realismo Crítico – Além da Romantização e da Negação.
O que é autismo e realismo crítico?
Autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição que afeta a interação social, a comunicação e o comportamento, com uma ampla gama de apresentações. O realismo crítico é uma filosofia que vê um mundo real independente de nossas visões, mas reconhece que nossa compreensão é moldada por fatores sociais e culturais. Para o autismo, significa reconhecer suas raízes biológicas enquanto entende como a sociedade o interpreta.
Pontos-chave
- Pesquisas sugerem que o autismo é uma condição complexa com aspectos biológicos e sociais, e o realismo crítico ajuda a equilibrar essas visões.
- Parece provável que romantizar o autismo, possa ignorar desafios reais, enquanto a negação minimiza seu impacto, o que dificulta o apoio.
- As evidências tendem ao realismo crítico, oferecendo um meio termo, reconhecendo a base neurológica e as experiências sociais do autismo, promovendo uma melhor compreensão.
Negação e Romantização
Negação pode significar não ver o autismo como uma condição real ou culpar a criação dos filhos, levando a um suporte inadequado. Romantização, como usar “anjo azul”, pode idealizar o autismo, focando em pontos fortes como habilidades savant, mas ignorar desafios como problemas sensoriais ou dificuldades de comunicação, criando expectativas irrealistas.
O papel do realismo crítico
O realismo crítico ajuda por:
- Reconhecendo a base neurológica do autismo, como as diferenças cerebrais.
- Reconhecer fatores sociais, como a forma como a mídia molda as percepções.
- Promover pesquisas com autistas, garantindo que suas vozes sejam ouvidas.
Essa abordagem pode melhorar o suporte e reduzir o estigma, respeitando a complexidade do autismo.
Autismo: O Realismo Crítico – Além da Negação e da Romantização
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição neurodesenvolvimental complexa definida por déficits persistentes em comunicação social e interação, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme descrito no DSM-5 (Autismo). A prevalência global é estimada em cerca de 1 em 100 crianças, com variações de fatores como diagnóstico e definição (Autismo). No entanto, o autismo tem sido objeto de debates e mal-entendidos, com tendências de negação, que minimizam sua existência ou impacto, e romantização, que idealiza a condição, ignorando seus desafios. O realismo crítico oferece um quadro filosófico para navegar entre esses extremos, proporcionando uma compreensão equilibrada que respeita tanto a base biológica quanto as dimensões sociais do autismo.
O Que é Realismo Crítico?
O realismo crítico é uma abordagem filosófica que confirma a existência de um mundo objetivo, independente de nossas percepções, ao mesmo tempo que entende que nosso conhecimento desse mundo é sempre filtrado por contextos sociais, culturais e históricos. Desenvolvido inicialmente por Roy Bhaskar (Realismo Crítico), enfatiza a importância de compreender as estruturas e mecanismos subjacentes que geram características observáveis, em vez de apenas descrevê-los.
No contexto do autismo, o realismo crítico sugere que o autismo tem uma base biológica real, como diferenças no desenvolvimento cerebral, mas nossa compreensão e experiência são moldadas por fatores sociais e culturais. Por exemplo, uma pesquisa de Kourti (2021) argumenta que o realismo crítico pode reconciliar visões medicalizadas, como as de psiquiatria e neurociência, com o movimento da neurodiversidade, que vê o autismo como uma variação natural (A Critical Realist Approach on Autism).
Negação do Autismo
A negação do autismo pode assumir várias formas, como:
- Não considere o autismo como uma condição distinta, talvez atribuindo comportamentos a mais criação ou fatores ambientais.
- Minimizar os desafios enfrentados por indivíduos autistas e suas famílias, indicando que não há necessidade de suporte especializado.
Essa negação pode levar a um suporte inadequado, perpetuando mal-entendidos sobre as necessidades dos autistas. Por exemplo, alguns podem argumentar que o autismo é apenas uma “fase” ou resultado de estilos parentais, ignorando evidências de bases neurobiológicas, como anormalidades em números de células cerebrais e estrutura da substância branca (Ponto de vista: O movimento da neurodiversidade prejudica pessoas com autismo).
Romantização do Autismo
A romantização do autismo envolve idealizar uma condição, muitas vezes focando nas forças e habilidades únicas de alguns indivíduos autistas, enquanto ignora as dificuldades que muitos enfrentam. Isso pode ser visto em representações midiáticas que retratam personagens autistas como savants, com habilidades extraordinárias em matemática, memória, arte ou música, apesar de lutas com interação social e comunicação convencional (Are We Overly Romanticizing Autism to the Public?).
Expressões como “anjo azul”, mencionadas pelo usuário, podem ser exemplos de romantização, indicando uma visão idealizada que não reflete a realidade vívida de muitos autistas, especialmente aqueles com necessidades de suporte intensivo. Essa romantização pode criar expectativas irreais e estigmatizar aqueles que não se encaixam nesse molde, como aqueles com desafios significativos em comunicação ou comportamentos.
Realismo Crítico e Autismo
O realismo crítico pode nos ajudar a ir além da negação e da romantização, oferecendo uma visão equilibrada que:
- Reconhece a Base Biológica: Aceita que o autismo tenha uma base neurológica real, afetando como indivíduos percebem e interagem com o mundo. Estudos, como os de Ashinoff e Abu-Akel (2021), mostram como diferenças na alocação de recursos de atenção podem contribuir para aspectos do autismo (A alocação atípica de recursos pode contribuir para muitos aspectos do autismo).
- Compreende Construções Sociais: Aprecie que nossa compreensão do autismo é influenciada por fatores sociais e culturais, como representações midiáticas e políticas públicas. Por exemplo, o movimento da neurodiversidade, liderado por autistas, argumenta que o autismo é uma variação válida de ser humano, desafiando abordagens medicalizadas ( Frontiers | Autistic Self-Advocacy and the Neurodiversity Movement ).
- Abraça a Complexidade: É aceitável que o autismo seja uma condição de espectro com uma ampla gama de apresentações, desde aqueles altamente funcionais até aqueles que requerem suporte significativo. Isso reflete a variabilidade nas experiências, conforme discutido por Murray et al. (2005) em relação ao monotropismo, a distribuição atencional no autismo (Atenção, monotropismo e os critérios diagnósticos do autismo).
- Promove Pesquisa Inclusiva: Encoraja pesquisas que envolvem indivíduos autistas no design e implementação de estudos, garantindo que suas perspectivas sejam ouvidas e valorizadas. Kourti (2021) destaca a importância da participação autista, apoiando teorias como o Problema de Empatia Dupla de Milton (2012), que sugere que a comunicação é bidirecional, não apenas um déficit autista (A Critical Realist Approach on Autism).
Tabela Resumo: Negação, Romantização e Realismo Crítico.
Aspecto | Descrição | Implicações |
Negação | Não considere o autismo como condição distinta, minimize desafios. | Menos suporte, mal-entendidos sobre necessidades autistas. |
Romantização | Idealizar o autismo, focar em forças, ignorar desafios (ex.: “anjo azul”). | Expectativas irreais, estigma para quem não se encaixa, menos suporte real. |
Realismo Crítico | Reconhecer base biológica e construções sociais, abraçar complexidade, incluir autistas. | Melhor compreensão, suporte adequado, redução de estigma, inclusão. |
Conclusão.
Adotando uma abordagem de realismo crítico, podemos desenvolver uma compreensão mais sutil e precisa do autismo, respeitando sua complexidade e as diversas experiências relacionadas a ele. Essa visão equilibrada pode nos ajudar a fornecer melhor suporte, reduzir o estigma e promover facilidades e inclusão para todos os indivíduos autistas. É crucial ouvir as vozes autistas, como defendido pela Rede de Auto-Advocacia Autista (ASAN), que enfatiza “Nada sobre nós sem nós”, promovendo uma compreensão que vai além da negação e da romantização ( Sobre ASAN ).
Citações-chave
- Uma abordagem realista crítica sobre o autismo: implicações ontológicas e epistemológicas para a produção de conhecimento na pesquisa sobre autismo
- Estamos romantizando demais o autismo para o público?
- Atenção, monotropismo e os critérios diagnósticos do autismo
- Autodefesa autista e o movimento da neurodiversidade: implicações para a pesquisa e prática de intervenção precoce no autismo
- A alocação atípica de recursos pode contribuir para muitos aspectos do autismo
- Sobre a ASAN – Autistic Self Advocacy Network
- Ponto de vista: O movimento da neurodiversidade prejudica as pessoas com autismo ao ‘romantizar’ o transtorno