
Quando pensamos em comunicação, a primeira coisa que vem à mente costuma ser a fala ou a escrita. Mas e se o corpo tiver tanto — ou até mais — a dizer? Na Rede Autéia, hoje mergulhamos no tema “Autismo e Movimento”, explorando como o corpo se torna uma ferramenta poderosa de expressão e processamento para pessoas no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para muitos autistas, o movimento é mais do que ação: é uma linguagem que traduz sentimentos, regula emoções e conecta o mundo interno ao externo.
O corpo como voz.
Nem todo autista se comunica verbalmente com facilidade. Alguns podem ter dificuldade em encontrar palavras para expressar o que sentir, enquanto outros podem ser não verbais. Nessas situações, o corpo assume o protagonismo. Um balançar de mãos (stimming), um salto repetitivo ou até um giro podem dizer “estou feliz”, “preciso me animado” ou “isso é demais para mim”. Esses movimentos, muitas vezes incompreendidos, são uma forma natural de o corpo falar o que as palavras não alcançam.
Processando o mundo em movimento.
Para muitas pessoas no espectro, o movimento também é uma maneira de organizar o caos interno. O mundo pode ser barulhento, imprevisível e sensorialmente intenso. Balançar o corpo, caminhar em círculos ou apertar as mãos contra o peito pode ajudar a regular essas sensações, trazer rompimento e foco. É como se o corpo criasse um ritmo próprio para dançar com as demandas da vida — uma dança que nem sempre é vista, mas que tem um propósito profundo.
Expressão além do esperado.
A sociedade tende a valorizar a comunicação verbal e a imobilidade como sinais de controle ou atenção. Mas, no autismo, o movimento desafia essas normas. Um giro pode ser uma explosão de alegria, um balanço pode ser uma forma de se conectar com alguém, e até o silêncio acompanhado de um gesto pode carregar um significado que palavras não alcançam. Observar e respeitar essas expressões é abrir uma janela para entender o que está sendo “dito” de outra forma.
Uma ponte para a conexão.
O movimento também pode ser um caminho para relacionamentos. Atividades como dançar, pular ou brincar criam momentos de sintonia entre autistas e quem os cerca. Para pais, cuidadores ou amigos, participar desses movimentos — sem tentar “corrigi-los” — é uma forma de dizer “eu te vejo” e “estou aqui com você”. O corpo, nesse caso, vira uma ponte, unindo mundos que, à primeira vista, parecem distantes.
Escutando o que o corpo diz.
Na Rede Autéia, queremos convidar você a olhar para o movimento com outros olhos. Em vez de julgá-lo como “diferente” ou “desnecessário”, que tal perguntar: “O que isso está me contando?” O autismo nos ensina que a comunicação vai muito além da fala. O corpo fala — e fala alto — quando damos espaço para ouvi-lo. É uma lição de empatia e presença: às vezes, entender o outro começa por sentir o ritmo dele.
E você, já reparou como o movimento faz parte da sua vida ou da vida de alguém que você conhece no espectro? Compartilhe com a gente essa reflexão — porque, no fim, o corpo sempre tem algo a dizer.
Este texto é informativo e não substitui acompanhamento profissional. Consulte sempre especialistas para orientações individualizadas.